Desempenho ruim na Arena do Jacaré incomoda
Pressionado pela torcida, Cruzeiro conquistou apenas uma vitória entre os cinco maiores públicos em Sete Lagoas
Quanto mais público na Arena do Jacaré em jogos do Cruzeiro maior tem sido a decepção dos celestes neste Campeonato Brasileiro. A Raposa não tem conseguido lidar com a pressão dos torcedores, que ficam próximo ao campo, devido a arquitetura do local, e podem transmitir com mais veemência a sua ira no estádio sete-lagoano
Para se ter uma ideia, nos cinco melhores públicos cruzeirenses na Arena, a Raposa conseguiu apenas uma vitória – contra o Grêmio, 2 a 0, sob os olhares de 10.652 presentes. Nos outros quatro confrontos, são duas derrotas – Corinthians e Flamengo (nos dois maiores públicos da Raposa no estádio) - e dois empates – São Paulo e Palmeiras. Acostumado às vitórias e a disputa pela ponta da tabela nos últimos anos, o torcedor celeste tem demonstrado impaciência com o time. Jogadores têm sido vaiados, rotineiramente, ainda no primeiro tempo, após alguns erros de passes ou decisões equivocadas. Everton, Keirrison, Vitor e os técnicos Cuca e Joel Santana são alguns que já sofreram com a ira da torcida nessa temporada.
Mesmo com as estatísticas contrárias e a pressão do torcedor nos jogos cruzeirenses, os jogadores não abdicam da presença da ‘China Azul’. Para os atletas, com os cruzeirenses enchendo as arquibancadas e incentivando o time.
- Ter a torcida ao lado sempre é melhor. Não estamos fazendo prevalecer o fator casa nesse campeonato, mas com o apoio do torcedor sabemos que tudo fica mais fácil. Precisamos pontuar o máximo possível dentro de casa e fora também – disse o lateral-esquerdo Diego Renan, que volta ao time titular após a lesão de Everton.
Anselmo Ramon considera que a força da torcida tem sido maior nos últimos jogos, com a evolução no futebol apresentado pelo Cruzeiro.
- A torcida vem apoiando, todos nos incentivando. Estamos fazendo bons jogos e eles estão vendo isso. Agora, temos que fazer nossa parte e dar alegria a eles – salientou.
Visando a massiva presença de sua torcida na Arena do Jacaré, a diretoria do Cruzeiro manteve o preço dos ingressos em R$ 5,00 para os portões 1 e 2. Portão 4 e torcida visitante o valor é R$ 40,00. Meia-entrada é válida para estudantes, menores de 12 e maiores de 60 anos.
Desempenho de rebaixado em casa
Sentindo ou não a pressão do torcedor dentro da Arena do Jacaré, o Cruzeiro não vem conseguindo fazer o dever de casa. O desempenho dos celestes no estádio em Sete Lagoas é pífio, com apenas 14 pontos, em 33 disputados.
Mas a campanha ruim não se limita apenas aos jogos realizados na Arena do Jacaré. A Raposa não tem conseguido impor o mando de campo em nenhum estádio no qual jogou, tendo sofrido para conquistar pontos também em Ipatinga, no Lamegão (derrota por 4 a 2 para o Figueirense) e em Uberlândia (duas vitórias, Ceará e Avaí, e uma derrota, Fluminense).
O fraco desempenho em casa é o terceiro pior entre as 20 equipes no Brasileirão. Com 42% de aproveitamento e 19 pontos conquistados, o Cruzeiro amargaria a zona de rebaixamento se fossem contabilizadas apenas as partidas em casa. Apenas América, 18 pontos, e Avaí, 15, possuem campanhas piores que o time estrelado jogando em seus domínios.
Impaciência com Keirrison
No jogo contra o Corinthians, no domingo passado, durou pouco a paciência da torcida celeste com o centroavante Keirrison. O jogador, que marcou apenas um gol com a camisa cruzeirense em sete partidas, foi hostilizado após perder uma clara oportunidade de gol e optar pelo passe em detrimento da finalização em um lance cara a cara com o goleiro rival. Palavrões direcionados ao atacante e pedidos por Anselmo Ramon foram ouvidos no estádio.
K9 não foi o primeiro a ser pressionado pela torcida. Outros jogadores já viveram a mesma situação, com destaque para os atacantes: Bobõ, Ortigoza, Wellington Paulista e Brandão, que não está mais no clube, já sofreram com a ira dos torcedores.
Se a pressão para cima dos homens de frente é grande, o meia Montillo é um dos poucos poupados pela ‘China Azul’. O meia, inclusive, agradece o carinho da torcida, que sempre demonstra apoio aos problemas pessoais do argentino.
- O carinho da torcida é muito grande. Para minha família, o meu filho. Fiquei mto abatido por não poder ajudar, fazer um gol, dar assistência – disse, referindo-se ao jogo contra o Corinthians.