Achei! Jadílson lamenta história de paixão interrompida no Cruzeiro
Aos 33 anos, lateral, que disputou a Série D pela Anapolina-GO, revela: 'O Adílson teve 90% de culpa por eu não ter renovado com o Cruzeiro'
O ano era 2008. Após uma passagem apagada pelo São Paulo, em que foi difícil concorrer com Júnior e Jorge Wagner, Jadílson, enfim, voltava a ter sequência no time titular, desta vez pelo Cruzeiro. Na nona rodada do Brasileirão daquele ano, na vitória do time mineiro por 1 a 0 sobre o Sport, o lateral-esquerdo foi substituído pela quarta vez em sete jogos pelo técnico Adílson Baptista no intervalo. Após a partida o treinador justificou a alteração devido às falhas de marcação do atleta, que deixava espaços em suas costas. Mas Jadílson não deixou barato.
- É difícil entender, né? Quando as bolas caem nas minhas costas, até contar ele (Adílson) conta. Nas costas do lateral-direito não conta. Sei lá, eu acho que eu tenho que trabalhar e fazer aquilo que eu venho fazendo. É difícil agradar a todo mundo – declarou, na época, o lateral.
Foi apenas uma da série de desentendimentos que Jadílson teve com Adílson Batista, e o começo do caminho que o levou à modesta Anapolina, na disputa da Série D em 2011, competição que acabou para a equipe goiana neste domingo, após o empate com o Tupi-MG por 2 a 2 e a eliminação nas quartas de final. Do Cruzeiro, o lateral foi para o Grêmio, em 2009, Goiás, em 2010, Grêmio Barueri e Anapolina, em 2011. O litígio com o treinador cruzeirense, segundo o lateral, o impediu de ter uma boa história na Raposa, que poderia lhe render um futuro diferente.
- O Adílson teve 90% de culpa por eu não ter renovado com o Cruzeiro. No Cruzeiro eu fiquei apaixonado, eu era querido pela torcida, foi um ano maravilhoso, infelizmente não terminei bem, machuquei o joelho. Na minha relação com o Adílson, da minha parte, não teve nada, e sim da parte dele. Quando eu estava sendo o melhor do jogo, ele simplesmente me tirava. A torcida sempre o chamava de burro. Mas é a filosofia de trabalho dele, ele é mais retrancado. Quando começava a ganhar, já se retrancava, e quase sempre me tirava do campo, logo quando eu estava sendo o melhor em campo. O torcedor não gosta disso – declarou o lateral-esquerdo.
Dois anos para apagar
Diante das dificuldades no time celeste, em 2009 Jadílson partiu para o Grêmio, onde tinha a expectativa de voltar a estar sempre nos jogos. O Tricolor gaúcho era um antigo interessado no lateral, ainda quando ele estava no Cruzeiro. Mas a história se repetiu. Na verdade, a situação de Jadílson piorou. O lateral amargou a reserva durante o Gauchão, Libertadores e Brasileirão daquele ano. Em 2010, retornou ao Goiás – clube onde teve as melhores atuações -, mas não conseguiu ter a sequência desejada.
- Considero esses dois anos os piores da minha carreira. A minha passagem pelo Grêmio foi ruim, não pelo clube Grêmio, porque a estrutura é uma maravilha, a torcida é fantástica, é uma sensação incrível entrar no Olímpico lotado, mas o fato de eu não ter jogado, o fato de eu não ter feito aquilo que a diretoria queria, e a mesma coisa no Goiás. Infelizmente eu tive dois anos muito ruins – avaliou.
Fora dos holofotes, o lateral perdeu espaço no mercado e foi buscar um clube onde pudesse estar em campo regularmente. A oportunidade chegou com o Grêmio Barueri, onde disputou o Paulistão deste ano, e por último no Anapolina. A reserva no Tricolor gaúcho e no Esmeraldino, para Jadílson, foi crucial para a sequência da carreira.
- Infelizmente a gente passar dois anos sem jogar faz com que o povo fique com aquela interrogação. Ninguém confia mais no seu trabalho. Eu tive a oportunidade de ir pro Grêmio Prudente (hoje Barueri), o time estava em fase muito ruim, mas confiaram no meu trabalho. Infelizmente não deu certo, e depois eu tive a felicidade de vir pro Anapolina – disse o jogador.
Primeira passagem no Goiás e o auge
Se em 2010 nada deu certo para Jadílson no Goiás, na sua primeira passagem pelo time goiano foi diferente. Ele foi um dos responsáveis pela melhor campanha na história da equipe esmeraldina pelo Brasileirão, o terceiro lugar de 2005. Durante três anos o baixinho encantou a torcida alviverde, quando conquistou o título goiano de 2006, ano em que foi eleito o melhor jogador do estadual, além da disputa da Libertadores, também em 2006, única vez que os goianos estiveram no torneio continental.
- Eu tive um ano muito bom no Fluminense em 2003, mas de 2004 a 2006 foi o auge da minha carreira. Ganhei prêmios, entre eles o título de melhor jogador do Campeonato Goiano. Foi o clube em que mais joguei, me identifiquei muito, e também pelo fato de ter passado muito tempo no time – revelou.
O excelente desempenho pelo Goiás lhe rendeu uma transferência ao time sensação daquele momento: o São Paulo. No Tricolor paulista Jadílson conquistou o seu principal título da carreira, o Brasileirão de 2007. Entretanto, a concorrência foi dura, e ele não conseguiu se firmar na equipe.
- Assinei com o São Paulo um contrato de três anos, o cliube comprou meu passe, e eu comecei bem. Fui titular no Paulista, o Júnior era meu reserva. Mas aí o Muricy trouxe o Jorge Wagner, e a gente ficou se revezando no banco de reservas. Ao mesmo tempo em que fiquei feliz pelo Campeonato Brasileiro, fiquei triste por não jogar. Eu acho que tinha totais condições de ser titular, mas tinha que respeitar a opinião do professor. Ele trouxe o Jorge Wagner, que ficou como titular no restante do campeonato.
No Flu, outro problema
Antes de brilhar com a camisa do Alviverde goiano, Jadílson jogou no Fluminense, em 2003. A passagem no Tricolor carioca foi mais um daquelas em que o lateral-esquerdo lamenta não ter sido estendida. Desta vez, não foi um técnico ou a falta de sequência de jogos que o atrapalhou, mas sim com seu empresário na época.
- No Fluminense eu fui muito feliz, infelizmente o time não estava bem (terminou em 19º no Brasileirão de 2003), porque brigava para não cair. Mas a culpa não foi minha por não ter permanecido. Infelizmente eu tinha um empresário que me atrapalhava muito.
Após o episódio, Jadílson se desligou do empresário. Mas, segundo o lateral, já era tarde demais, e a renovação do vínculo com o Flu não foi possível.
- Já havia passado quase dois meses, eu fiquei janeiro e fevereiro de 2004 esperando, aí eu segui minha vida sem ele, e graças a Deus consegui ir para o Goiás - complementou.
‘Eu confio no meu trabalho’
Com a eliminação da Anapolina na Série D, o destino de Jadílson fica incerto. Ele tem vínculo com a equipe até o dia 30 de novembro. O lateral não revelou o que pensa para o próximo ano, mas garantiu que, mesmo com 33 anos, ainda tem o mesmo potencial que tinha seis anos atrás e tem condições de voltar a defender um time de maior expressão no país.
- O jogador sempre quer estar na primeira divisão, mas a vida é assim. A gente sabe que o nosso Brasil, quando a gente não está jogando, a gente acaba perdendo o valor. Com certeza eu posso jogar em um time grande, confio no meu trabalho, sou um cara que me cuido fora de campo, e não vejo problema nenhum. Se surgir, vou aceitar. Eu estou jogando normalmente, não vejo diferença nenhuma. Eu acho que estou correndo até mais do que costumava correr – brincou o lateral.
A intenção deste alagoano de Maceió é retornar a um grande centro do país. Mas uma coisa parece certa: para Jadílson, os campos da Série D estão mais macios que o banco de reservas que suportou no São Paulo, Grêmio e Goiás.